Brilhando com toda raça, Abolição aos povos abraça! A origem das raças – A Lenda Colombiana (Acadêmicos da Abolição 2014)
Uma lenda colombiana conta que, no início do mundo, os seres
humanos que povoavam a terra eram guerreiros negros que viviam numa tribo. Ao
morrer, o curandeiro revelou ao seu povo que em uma região distante existia um
pequeno rio encantado cujas águas eram formadas por leite, derramado das
lágrimas dos deuses, que davam a quem nelas se banhasse o poder da
imortalidade.
Imediatamente a população tribal se dividiu e partiram
quatro grupos em busca do regato mágico na esperança de obter a eternidade
prometida. O primeiro grupo, o mais ansioso, encontrou o riacho e nele se
banhou com vontade, logo percebendo que a sua pele negra perdera a cor,
formando a raça branca.
Horas depois, o segundo grupo consegue chegar ao leito do
rio com as águas já um pouco descoloradas pelos guerreiros que antes nelas se
lavaram. Eles também mergulharam na expectativa da vida eterna, mas logo
perceberam que sua cor e suas feições mudaram, daí se formando a raça amarela
oriental.
Depois de muita procura, o terceiro grupo alcança o córrego
já com pouca água devido aos banhos dos grupos anteriores e nele entram, mas
não conseguem branquear-se totalmente devido à reduzida quantidade de água,
ficando com a pele mais curtida, formando a raça indígena.
O último grupo a encontrar o resquício do que era o rio só
conseguiu molhar a planta dos pés e as palmas das mãos no filete de água
descolorada que esvanecia rapidamente, formando, assim, a raça negra.
Com o tempo, os novos indivíduos nascidos da ambição de
possuir poderes inerentes aos deuses descobriram que a imortalidade estava na
perpetuação da sua raça através de seus descendentes.
A história da humanidade está centralizada principalmente no
continente europeu, onde viveram os descendentes do primeiro grupo a se banhar
no lendário rio de leite. Nesse período, o povo caucasiano adquiriu rapidamente
riquezas e grande força bélica, partindo para conquistar outros continentes. A
ambição de se expandir pelo mundo e aumentar o poderio econômico fez com que os
brancos escravizassem outras raças nascidas daquela mesma fonte.
Imponentes cidades foram arquitetadas com materiais
preciosos trazidos de além-mar e à custa da dor e do suor dos escravizados em
terras distantes. Questões sociais, filosóficas, econômicas, científicas e
políticas da raça branca influenciaram e determinaram o futuro de muitas
gerações de países distantes.
O segundo grupo a desfrutar das águas de leite do regato
maravilhoso instalou-se no Oriente. Mas, ainda que tenham construído reinos
deslumbrantes de riqueza, e hoje também constituam um poderio econômico, os
povos descendentes desenvolveram extremamente o pensamento relacionado à
reflexão, ao sagrado e ao espírito.
Para os povos amarelos cuidar da alma é tão ou mais
importante que cuidar do corpo físico. Por isso, a predominância na cultura
oriental de religiões milenares e de rituais em busca da elevação espiritual.
O terceiro grupo a se banhar no rio preferiu a simplicidade
da vida, embrenhando-se na natureza para viver em liberdade. Formaram tribos
isoladas em áreas onde pudessem habitar em paz, sobrevivendo com os recursos
que a terra lhes dava. Criaram suas próprias crenças e rituais, uma arte
admirável e um modo de socialização baseada no companheirismo e nas tradições
cunhadas nas aldeias.
Até que os descendentes do primeiro grupo, a raça branca,
apareceram para subjugá-los implacavelmente em nome da ambição e do poder.
Muitos foram dizimados, sendo atualmente uma raça que luta para sobreviver num
mundo civilizado, tecnológico e capitalista.
O último grupo de guerreiros a alcançar a fonte quase seca,
após banhar as plantas dos pés e mãos, decidiu voltar à antiga moradia onde
hoje se localiza o continente africano. Ali formaram clássicas dinastias
singulares que não se sobressaíram em liderança e poder como as da civilização
criada pelos brancos. Esse fato acabou permitindo que seus descendentes também
fossem subjugados e escravizados em função dos brancos europeus, que
conquistavam mais e mais terras mundo afora.
Arrancados à força para servir a terceiros em outras terras,
esta raça, com sua força e suor, construiu cidades, movimentou a economia de
nações e resistiu em outros lugares preservando suas raízes e seus costumes.
Tão intensa foi essa resistência que as escolas de samba existentes são
originárias da cultura de grupos de negros e do batuque africano, que se
transformou no genuíno ritmo afrobrasileiro, o samba.
Os primeiros agrupamentos de negros, no início do século
passado, formaram as escolas de samba, as quais foram se democratizando e
absorvendo todas as raças que hoje brincam e dançam nas pistas de desfiles em
todo o mundo em pé de igualdade.
A Acadêmicos da Abolição vem celebrar a união de todas as
raças, passando a mensagem de que na folia não há preconceito. A Abolição nos
une, não importando nossa procedência, convicções, formação cultural e cor de
pele. O importante agora é abrir o coração para a alegria e os povos
confraternizar, pois, mesmo com suas diferenças, a humanidade é uma só.

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